NotíciasAnvisa aprova novo medicamento para tratar câncer de pulmão em estágio inicial.

30 Novembro, 2024


A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou nesta segunda-feira (25) o uso do medicamento Alecensa, composto pela molécula alectinibe, para o tratamento de câncer de pulmão não pequenas células ALK-positivo em estágios iniciais. Até então, o remédio era utilizado apenas para casos avançados da doença.

Anvisa aprova novo medicamento para tratar câncer de pulmão em estágio inicial

Imagem da Internet

Um estudo publicado em abril no The New England Journal of Medicine revelou que o alectinibe reduz em 76% o risco de recorrência da doença ou morte em pacientes com esse tipo específico de câncer. A pesquisa, conduzida em 27 países e envolvendo 257 pacientes, mostrou que, após três anos de tratamento, nove em cada dez pacientes permaneceram livres da doença.

De acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de pulmão é a neoplasia que mais mata no Brasil e a quarta mais incidente. Cerca de 85% dos casos diagnosticados são do tipo não pequenas células, dos quais 5% apresentam a mutação ALK — geralmente encontrada em pessoas jovens, com menos de 55 anos, e com pouco ou nenhum histórico de tabagismo.

Uma alternativa para o futuro

Atualmente, pacientes submetidos a cirurgia para remoção do tumor são tratados com quimioterapia, mas aproximadamente metade deles enfrenta recidiva da doença. Segundo Clarissa Baldotto, presidente do GBOT (Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica), o novo medicamento é um marco: "O alectinibe é o primeiro inibidor de ALK aprovado para pacientes em estágio inicial e representa um avanço no tratamento de câncer de pulmão no Brasil."

Michelle França, líder médica da Roche Farma Brasil, destaca outro benefício: a redução no risco de metástases cerebrais, especialmente em pacientes jovens, os mais atingidos pela mutação ALK. "O Alecensa é a única terapia-alvo aprovada globalmente para tratar câncer de pulmão não pequenas células ALK-positivo em estágio inicial", afirmou França.

O remédio, administrado por via oral, já é aprovado em mais de 100 países para tratar casos avançados ou metastáticos. A nova indicação também recebeu aval na Europa e nos Estados Unidos. No entanto, a Roche ainda não pediu a inclusão do medicamento no SUS, embora planeje fazê-lo no futuro.

Diagnósticos tardios e desafios no combate à doença

No Brasil, quase 90% dos casos de câncer de pulmão são diagnosticados em estágios avançados ou metastáticos, conforme aponta o Radar do Câncer, do Instituto Oncoguia. Esse atraso no diagnóstico dificulta o tratamento e piora os prognósticos.

Especialistas reforçam a necessidade de uma política nacional de rastreamento para identificar precocemente pessoas em risco, semelhante ao que é feito para o câncer de mama. Estudos mostram que estratégias combinadas, como rastreamento e iniciativas antitabagismo, podem reduzir em até 20% a mortalidade pela doença.

No início deste mês, a Anvisa também aprovou uma nova terapia para câncer de pulmão de pequenas células em estágio avançado, o tipo mais agressivo, embora menos comum. A aprovação do Alecensa amplia as opções para pacientes e representa um avanço significativo na luta contra o câncer de pulmão no país.

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