A decisão do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retirar o país do Acordo de Paris ainda repercute no cenário internacional e pode impactar diretamente a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), marcada para novembro de 2025, em Belém. Autoridades brasileiras e especialistas avaliam que essa postura fragiliza a governança climática global e representa um desafio adicional para o Brasil, que estará no centro das discussões sobre o aquecimento global.
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Em Davos, durante o Fórum Econômico Mundial, o governador do Pará, Helder Barbalho, fez um apelo pela preservação ambiental e reforçou o convite ao Presidente Donald Trump para participar do encontro em Belém. Barbalho destacou a responsabilidade dos Estados Unidos, uma das maiores economias e emissoras de gases de efeito estufa, em contribuir para o debate e o financiamento climático:
"Os Estados Unidos, como economia que lidera o planeta e como um dos maiores emissores de gases de efeito estufa junto com a China, precisam participar ativamente. O financiamento climático é essencial para encontrarmos soluções para a natureza", afirmou o governador.
Desde o início da semana, uma comitiva da ONU está em Belém para inspecionar as obras de infraestrutura destinadas à COP 30. O Hangar Centro de Convenções da Amazônia será ampliado e modernizado, enquanto o Parque da Cidade, que está sendo construído em uma área de 550 mil m² onde funcionava um antigo aeroporto, será um dos principais pontos de encontro do evento.
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Em Brasília, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou o embaixador André Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, como presidente da COP 30. Durante o anúncio, a Ministra do Meio Ambiente Marina Silva, destacou sua preocupação com a influência do negacionismo climático, simbolizado pela política de Trump. "Será fundamental que a governança climática crie mecanismos para evitar avanços da força gravitacional negacionista", afirmou a ministra.
Corrêa do Lago reforçou que a saída dos EUA do Acordo de Paris representa um grande obstáculo: "Não há dúvida de que essa decisão terá um impacto significativo na preparação da COP 30 e na maneira como lidaremos com o fato de um país tão importante estar se desligando desse processo. Apesar disso, eles continuam membros da Convenção do Clima, e há canais abertos, mas é um anúncio político de grande impacto", disse o embaixador.
Um dos principais desafios da COP 30 será a negociação de um novo acordo sobre o financiamento climático, uma questão pendente da COP 29, realizada no Azerbaijão. Países pobres e vulneráveis pressionam para que as nações mais ricas aumentem o compromisso financeiro para medidas de combate às mudanças climáticas, fixando a meta em US$ 1 trilhão por ano. Contudo, o valor acertado na última conferência foi de apenas US$ 300 bilhões.
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A decisão do Presidente Donald Trump de cortar fundos destinados ao combate às mudanças climáticas agrava ainda mais esse cenário. Para Cláudio Ângelo, coordenador de política internacional do Observatório do Clima, há um risco real de que outros países sigam o exemplo americano, colocando em xeque os avanços do Acordo de Paris.
"O maior risco que enfrentamos é uma debandada coletiva. Hoje, o Acordo de Paris é o que nos separa de um aquecimento global de 3°C ou mais. Por mais lento que seja o ritmo das negociações internacionais, sem elas a situação seria muito pior", afirmou Ângelo.
Com a liderança do Brasil na COP 30, o governo busca equilibrar os interesses globais e avançar em soluções concretas para a crise climática.
Nesta terça (21), o Presidente da República reuniu ministros no Palácio do Planalto para discutir a COP30, que será realizada no Brasil. O embaixador André Corrêa do Lago foi escolhido como presidente do evento.
Ricardo Stuckert pic.twitter.com/IqTZY59Tor