O Ministro Alexandre de Moraes afirmou que as explosões ocorridas na região central de Brasília não podem ser vistas como um fato isolado, associando-as ao "gabinete do ódio" e à crescente onda de extremismo político que se estabeleceu no País.

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Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, detonou vários artefatos na frente do Supremo Tribunal Federal (STF) e acabou morrendo no local, logo após ser impactado por uma das explosões.
No discurso, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ministro Luiz Roberto Barroso, nomeou Ministro Alexandre de Moraes como relator do inquérito que investigará as explosões registradas na quarta-feira (13). O Ministro Alexandre de Moraes foi designado relator seguindo o critério de prevenção, uma vez que já conduz investigações sobre temas relacionados.
Atualmente, Ministro Alexandre de Moraes lidera os inquéritos sobre as fake news, as milícias digitais e os atos terroristas de 8 de janeiro de 2023. Segundo Ministro Alexandre de Moraes, os ocorridos em Brasília refletem o ódio político cultivado nos últimos anos e não representam um "fato isolado".
Durante uma aula Magna no Conselho Nacional do Ministério Público, Ministro Alexandre de Moraes enfatizou a necessidade de pacificação no País, mas afirmou que isso não será alcançado através da anistia para os envolvidos em crimes de ódio e atos antidemocráticos. Destacou o papel do Ministério Público no enfrentamento desse extremismo, que, segundo ele, ganhou força recentemente.
"Não podemos ignorar o que ocorreu ontem. E o Ministério Público é uma instituição muito importante, vem fazendo um trabalho muito importante no combate a esse extremismo que lamentavelmente nasceu e cresceu no Brasil em tempos atuais. Nós precisamos continuar combatendo isso", afirmou o Ministro Alexandre de Moraes.
"O que ocorreu ontem não é um fato isolado do contexto. [...] Queira Deus que seja um ato isolado, este ato. Mas o contexto é um contexto que se iniciou lá atrás, quando o famoso gabinete do ódio começou a destilar discurso de ódio contra as instituições, contra o Supremo Tribunal Federal, principalmente. Contra a autonomia do Judiciário, contra os ministros do Supremo e as famílias de cada ministro", disse.
Ministro Alexandre de Moraes afirmou que a pacificação do país é necessária – mas rejeitou a tese, defendida por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, de dar "anistia" a criminosos e golpistas.
"Ontem é uma demonstração de que só é possível essa necessária pacificação do país com a responsabilização de todos os criminosos. Não existe a possibilidade de pacificação com anistia a criminosos", afirmou.
"Nós sabemos, e vocês do Ministério Público sabem, que o criminoso anistiado é o criminoso impune. E a impunidade vai gerar mais agressividade, como gerou ontem. As pessoas acham que podem vir até Brasília, tentar entrar no STF para explodir o STF. Porque foram instigadas por muitas pessoas, lamentavelmente várias com altos cargos na República."
"Não podemos compactuar com a impunidade de ninguém que atente contra a democracia, contra os poderes de Estado, contra as instituições. Todos nós, independentemente do posicionamento político e ideológico, temos que nos unir sempre na defesa da Democracia", finalizou Ministro Alexandre de Moraes.