NotíciasEx-presidente Jair Bolsonaro deverá usar tornozeleira eletrônica, cumprir recolhimento domiciliar.

18 Julho, 2025


O Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), impôs nesta sexta-feira (18) uma série de medidas cautelares ao ex-presidente Jair Bolsonaro, no âmbito de investigações que apuram supostos crimes de coação no curso do processo, obstrução de Justiça e atentado à soberania nacional.

Ex-presidente Jair Bolsonaro deverá usar tornozeleira eletrônica, cumprir recolhimento domiciliar e manter distância de autoridades e representações estrangeiras

Foto: Reprodução.

A decisão foi tomada após solicitação da Polícia Federal e parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR). Entre as determinações, Jair Bolsonaro deverá cumprir recolhimento domiciliar entre 19h e 6h nos dias úteis, e em tempo integral nos fins de semana e feriados. O ex-presidente também será monitorado por tornozeleira eletrônica.

Além disso, está proibido de manter contato com embaixadores, representantes de governos estrangeiros e de se aproximar de sedes de embaixadas e consulados. Segundo a decisão, as medidas visam preservar a integridade das investigações e evitar qualquer forma de interferência indevida.

A decisão será submetida a referendo da Primeira Turma do STF em sessão extraordinária virtual convocada pelo presidente do colegiado, Ministro Cristiano Zanin. O julgamento do plenário virtual começa nesta sexta-feira, a partir do meio-dia.

As medidas fazem parte de um desdobramento das investigações que apuram articulações golpistas e ataques institucionais praticados por aliados do ex-presidente no período pós-eleições de 2022.

Veja, a seguir, os principais pontos da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

A Polícia Federal apontou que Bolsonaro e o filho, Eduardo Bolsonaro, “vêm atuando, ao longo dos últimos meses, junto a autoridades governamentais dos Estados Unidos da América, com o intuito de obter a imposição de sanções contra agentes públicos do Estado Brasileiro”, em razão de suposta perseguição no âmbito da Ação Penal (AP) 2668.

Conforme a PF, ambos atuaram “dolosa e conscientemente de forma ilícita” e “com a finalidade de tentar submeter o funcionamento do Supremo Tribunal Federal ao crivo de outro Estado estrangeiro, por meio de atos hostis derivados de negociações espúrias e criminosas com patente obstrução à Justiça e clara finalidade de coagir essa Corte.”

Ao analisar o caso, o ministro disse que há indícios de que tanto Bolsonaro quanto o filho têm praticado “atos ilícitos que podem configurar, em tese, os crimes dos art. 344 do Código Penal (coação no curso do processo), art. 2º, §1º da Lei 12.850/13 (obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa) e art. 359-L do Código Penal (abolição violenta do Estado Democrático de Direito).”

As condutas de Bolsonaro e do filho caracterizam, segundo o ministro Alexandre, “claros e expressos atos executórios e flagrantes confissões da prática dos atos criminosos, em especial dos crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e atentado à soberania e permanecem, sempre no sentido de induzirem, instigarem e auxiliarem governo estrangeiro à prática de atos hostis ao Brasil e à ostensiva tentativa submissão do funcionamento do Supremo Tribunal Federal aos Estados Unidos da América, com a finalidade de ‘arquivamento/extinção’ da AP 2668.”

No despacho, o ministro citou ainda o escritor Machado de Assis, que disse: “A soberania nacional é a coisa mais bela do mundo, com a condição de ser soberania e de ser nacional”. Alexandre de Moraes destacou que a “Soberania Nacional não pode, não deve e jamais será vilipendiada, negociada ou extorquida, pois é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil”.

Afirmou também que “o Supremo Tribunal Federal sempre será absolutamente inflexível na defesa da Soberania Nacional e em seu compromisso com a Democracia, os Direitos Fundamentais, o Estado de Direito, a independência do Poder Judiciário Nacional e os princípios constitucionais brasileiros”. Nesse ponto, fez referência a Abraham Lincoln, 16º presidente dos Estados Unidos da América, responsável pela manutenção da União e pela Proclamação de Emancipação, que afirmava que “os princípios mais importantes podem e devem ser inflexíveis”.

A pedido de Alexandre de Moraes, o presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin, convocou uma sessão extraordinária virtual para que a decisão seja submetida ao referendo. O Plenário Virtual começará hoje (18) ao meio-dia, e terminará na próxima segunda-feira (21), às 23h59.

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