NotíciasO Presidente Luiz Inácio Lula da Silva marcou presença na reunião do Brics por videoconferência

23 Outubro, 2024


O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva marcou presença na reunião do Brics desta quarta-feira (23), direto de uma videoconferência. Apenas quatro dias antes, ele sofreu uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada, bateu a nuca e acabou levando cinco pontos, o que o impediu de viajar até a Rússia como planejado. Apesar do imprevisto, o Presidente Lula manteve sua participação no evento, com um discurso conciso de pouco mais de 7 minutos. Ele foi o terceiro a falar, logo após o presidente do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, e antes do líder da Etiópia, Taye Atske Seto.

Presidente Lula discursa por videoconferência do Brics

Foto: Reprodução -Presidente Lula discursa por videoconferência do Brics

Sob a coordenação de Vladimir Putin, que atualmente está à frente do bloco, Presidente Lula abordou temas que já vêm sendo recorrentes em suas falas internacionais: o apelo para a luta contra a mudança climática, a crítica às guerras e a defesa da necessidade de taxar os "super-ricos". E vale lembrar que, em 2025, o Brasil assumirá o comando rotativo do Brics.

O Presidente Lula pode até não ter estado fisicamente em Kazan, mas sua presença e suas palavras ecoaram com a mesma força de sempre. No discurso, recorreu a temas frequentes nas suas últimas participações em fóruns internacionais.

  • . apelos contra a mudança climática;

  • . defesa da taxação dos "super-ricos" e do combate à fome;

  • . crítica às guerras no Oriente Médio e no Leste da Europa;

  • . pedidos por democratização do acesso às vacinas e à inteligência artificial;

  • . defesa da criação de uma "moeda comum" para transações entre países do Brics – que, assim, não precisariam usar o dólar para fazer comércio uns com os outros.

O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Foto: Reprodução -Presidente Luiz Inácio Lula da Silva videoconferência na Cúpula do Brics

Durante seu discurso, Presidente Lula destacou a importância estratégica do Brics, classificando o bloco como um "ator incontornável" quando se trata de enfrentar os desafios climáticos globais. Ele reforçou que o grupo tem um papel essencial no cumprimento das metas do Acordo de Paris, que visam limitar o aumento da temperatura global a, no máximo, 1,5 ºC em relação aos níveis pré-industriais. O Presidente Lula deixou claro que o comprometimento do Brics é fundamental para garantir que o mundo consiga frear os efeitos devastadores das mudanças climáticas. Para ele, o bloco tem não só a responsabilidade, mas também a capacidade de liderar esse esforço global.

"Não há dúvida de que a maior responsabilidade recai sobre os países ricos, cujo histórico de emissões culminou na crise climática que nos aflige hoje. É preciso ir além dos 100 bilhões [de dólares] anuais prometidos e não cumpridos. E fortalecer medidas de monitoramento dos compromissos assumidos", cobrou.
"Os dados da ciência exprimem um sentido de urgência sem precedentes. O planeta é um só, e seu futuro depende da ação coletiva. Também cabe aos países emergentes fazer sua parte", disse Lula, lembrando que o Brasil sediará a Cúpula do Clima (COP) de 2025, em Belém (PA).

Taxação dos super-ricos e combate à fome

O Brasil, na presidência rotativa do G20, colocou ênfase em temas como a taxação das grandes fortunas mundo afora e a criação de uma "aliança global" para acabar com a fome.
"Quero agradecer o apoio que os membros do grupo têm estendido à presidência brasileira do G20. Seu respaldo foi fundamental para avançar em iniciativas que são fundamentais para a redução das desigualdades, como a taxação dos super-ricos. Nossos países implementaram nas últimas décadas políticas sociais exitosas, que podem servir de exemplo para o resto do mundo."

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"A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza já está em fase avançada de adesões. Convido todos a se somarem à iniciativa que nasceu no G20, mas está aberta a outros participantes", disse.

Guerras no Oriente Médio e no Leste Europeu

O Presidente Lula voltou a criticar a resposta militar de Israel aos combater contra o Hamas e o Hezbollah e afirmou que é "crucial" iniciar negociações de paz. Diante do presidente da Rússia, Vladimir Putin, Lula mencionou o "conflito entre Ucrânia e Rússia", mas não condenou a invasão de forma enfática – como fez, por exemplo, ao chamar a Faixa de Gaza de "maior cemitério de crianças e mulheres do mundo".
"Como disse o presidente Erdogan na Assembleia Geral da ONU, Gaza se tornou o maior cemitério de crianças e mulheres do mundo. Essa insensatez agora se alastra para Cisjordânia e para o Líbano. Evitar uma escalada e iniciar negociações de paz também é crucial no conflito entre Ucrânia e Rússia", declarou.
Lula ainda informou que a presidência do Brasil no Brics, ao longo de 2025, terá como lema "fortalecer a cooperação do Sul Global para uma governança mais inclusiva e sustentável".

Vacinas e inteligência artificial

O Presidente Lula defendeu ampliar o acesso de países mais pobres à tecnologias como vacinas e inteligência artificial.
"Não podemos aceitar a imposição de 'apartheids' no acesso a vacinas e medicamentos, como ocorreu na pandemia, nem no desenvolvimento da inteligência artificial, que caminha para tornar-se privilégio de poucos", disse.
"Precisamos fortalecer nossas capacidades tecnológicas e favorecer a adoção de marcos multilaterais não excludentes, em que a voz dos governos prepondere sobre interesses privados", acrescentou.

'Moeda comum' do Brics

O Presidente Lula elogiou o trabalho do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), presidido atualmente por Dilma Rousseff, e destacou que é preciso discutir com "seriedade, cautela e solidez técnica" a criação de meios alternativos de pagamento para transações entre países do bloco.
"Agora é chegada a hora de avançar na criação de meios de pagamento alternativos para transações entre nossos países. Não se trata de substituir nossas moedas, mas é preciso trabalhar para que a ordem multipolar que almejamos se reflita no sistema financeiro internacional. Essa discussão precisa ser enfrentada com seriedade, cautela e solidez técnica, mas não pode mais ser adiada", disse
A medida visa substituir o dólar como moeda padrão para essas transações entre nações. No dia a dia da população desses países, a moeda local continuaria sendo usada – como o real no Brasil, por exemplo.

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